Turilândia (MA) — Uma operação policial e judicial sem precedentes abalou o pequeno município de Turilândia, na Baixada Maranhense. A primeira-dama da cidade, Eva Maria Oliveira Cutrim Dantas, conhecida como Eva Curió, foi presa na última semana no âmbito da Operação Tântalo II, que investiga um suposto esquema de desvio milionário de recursos públicos no município.
O que aconteceu?
Na segunda-feira, 22 de dezembro de 2025, o Grupo
de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do
Ministério Público do Maranhão deflagrou a Operação Tântalo II, com o
objetivo de desarticular uma organização criminosa suspeita de desviar mais
de R$ 56 milhões dos cofres públicos de Turilândia.
Foram cumpridos:
- 51
mandados de busca e apreensão em diversas cidades do estado;
- 21
mandados de prisão contra pessoas ligadas à administração municipal.
Entre os presos estão o prefeito de Turilândia, José
Paulo Dantas Silva Neto (Paulo Curió), sua esposa Eva Curió, a
ex-vice-prefeita Janaína Soares Lima, o contador da prefeitura Wandson
Jonath Barros, e Marlon de Jesus Arouche Serrão — marido da
ex-vice-prefeita.
Quem é Eva Curió no contexto da investigação
Eva Maria Oliveira Cutrim Dantas — além de primeira-dama
— também aparece nas investigações como uma figura central na administração
financeira do esquema, responsável por movimentar contas da prefeitura e da
Câmara Municipal, segundo os autos do processo.
De acordo com o relatório divulgado pelo Poder Judiciário:
- Ela administrava
transações das contas públicas;
- Realizava
transferências de recursos públicos para empresas envolvidas no esquema,
muitas vezes sem respaldo contratual, sob justificativas como “pagar
contas mensais”;
- Parte
desses valores teria sido posteriormente usada em benefício de aliados
políticos e familiares.
Esses indícios constam em documentos judiciais que compõem o
procedimento investigatório criminal.
Crimes investigados
O Ministério Público aponta que o grupo pode responder por
diversos crimes, entre eles:
- Organização
criminosa;
- Fraude
à licitação;
- Corrupção
ativa e passiva;
- Peculato
(apropriação indevida de recursos públicos);
- Lavagem
de dinheiro.
Segundo as investigações, entre 2021 e 2025, empresas
de fachada eram usadas para firmar contratos com a prefeitura de Turilândia,
faturar milhões e devolver parte dos valores a integrantes do grupo governista.
Entrega e prisão preventiva
Após dois dias foragidos, Paulo Curió e Eva Curió se
apresentaram à Polícia Civil do Maranhão em São Luís na manhã de
quarta-feira, 24 de dezembro. Eles foram encaminhados à Central de Custódia e
tiveram suas prisões preventivas mantidas pela Justiça.
A defesa dos dois havia solicitado a revogação das prisões,
bem como a substituição da detenção por regime domiciliar — especialmente no
caso de Eva, que é mãe de filhos menores — mas o Tribunal de Justiça do
Maranhão (TJMA) rejeitou os pedidos, citando a complexidade do caso e o
conflito de competência entre órgãos judiciais de mesmo nível.
Contexto político e repercussão
Turilândia é uma cidade com cerca de 20 mil habitantes,
mas nos últimos anos movimentou valores muito acima do que seria esperado para
o porte do município — o que despertou a atenção dos órgãos de controle.
A operação marca um dos maiores escândalos de corrupção
envolvendo um grupo político na região, com implicações que podem atingir
outras figuras públicas e empresários ligados à administração local.
Situação atual
Até o momento, além de Eva e Paulo Curió:
- A
ex-vice-prefeita e seu marido estão presos;
- O
contador também foi detido;
- Vereadores
investigados tiveram prisões convertidas em domiciliares com monitoramento
eletrônico ou se apresentaram às autoridades.
A Justiça ainda deve analisar pedidos de habeas corpus e
outras medidas cautelares nos próximos dias, além do desenvolvimento das
investigações sobre o desvio dos recursos públicos.
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