O governador do Maranhão, Carlos Brandão, decidiu, nesta semana, reconduzir o jornalista Ricardo Cappelli ao cargo de membro titular do Conselho Fiscal da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) — uma movimentação que gerou forte repercussão nos bastidores políticos do estado.
A escolha de Cappelli, figura historicamente ligada ao ex-governador Flávio Dino e reconhecido como um de seus aliados mais fiéis, chama ainda mais atenção pelo contexto: Brandão e Dino estão politicamente rompidos há mais de um ano, com trocas de farpas veladas, distanciamento crescente e disputas por protagonismo dentro do grupo que antes marchava unido.
Diante disso, a recondução soa, no mínimo, paradoxal. Como justificar manter no conselho de um dos principais braços estratégicos do Estado — responsável pela supervisão do Porto do Itaqui — um nome que representa justamente o grupo político do qual Brandão tenta se desvincular?
Nos bastidores, a avaliação predominante é de que o gesto expõe insegurança e falta de comando do atual governo sobre estruturas-chave. Enquanto o discurso é de autonomia e reconstrução de uma nova liderança, a prática indica que Brandão ainda não conseguiu romper completamente com antigos arranjos que garantiam espaço ao grupo dinista dentro da máquina estadual.
Há quem veja também um cálculo político: tirar Cappelli agora poderia abrir um desgaste direto com Dino em um momento em que ambos se movimentam para o cenário de 2026. Mesmo assim, a recondução passa a mensagem oposta ao que o governo tenta transmitir: sugere submissão a acordos do passado e incapacidade de impor uma marca própria.
Com isso, o episódio reforça a sensação de que, apesar de proclamado há mais de um ano, o rompimento entre Brandão e Dino segue cheio de contradições — especialmente quando o assunto envolve cargos estratégicos e influência sobre estruturas como a Emap e o Porto do Itaqui.
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