O anúncio do governador Carlos Brandão sobre a ampliação da isenção do IPVA para motocicletas de até 170 cilindradas no Maranhão é, sem dúvida, um passo positivo. No entanto, a medida ainda está longe de atender plenamente a realidade vivida por milhares de trabalhadores que dependem da moto para sobreviver.
No Maranhão, a motocicleta deixou de ser apenas um meio de transporte. Ela se tornou instrumento de trabalho, renda e mobilidade, especialmente em municípios do interior, onde o transporte público é precário ou inexistente. Mesmo assim, durante anos, esses trabalhadores continuaram arcando com impostos e taxas que comprometem grande parte do orçamento mensal.
A ampliação do limite de 155 para 170 cilindradas corrige parcialmente uma distorção, já que muitos modelos populares utilizados por trabalhadores ficaram de fora da proposta inicial. Ainda assim, a política mantém um recorte restritivo, excluindo motociclistas com veículos de cilindragem um pouco maior, mas que enfrentam as mesmas dificuldades financeiras.
Outro ponto que merece crítica é o prazo para início da isenção. A nova regra só passa a valer a partir de 2026, o que levanta um questionamento legítimo: por que o alívio não pode ser imediato? Para quem vive de entregas, transporte de passageiros ou deslocamento diário para o trabalho, o impacto financeiro é urgente e não pode esperar.
Embora o governo destaque o caráter social da medida, é preciso reconhecer que ela chega após anos de cobrança da população e de parlamentares. O anúncio, portanto, deve ser visto também como resposta à pressão social e ao cenário econômico difícil enfrentado pelo estado.
Ainda assim, a isenção representa um avanço e sinaliza uma mudança de postura em relação à tributação de veículos populares. O desafio agora é ir além: ampliar o alcance do benefício, antecipar sua vigência e implementar políticas complementares de segurança no trânsito, acesso ao crédito, regularização e apoio aos trabalhadores que mantêm a economia maranhense funcionando sobre duas rodas.
A população espera mais do que anúncios. Espera ações contínuas, eficazes e alinhadas à dura realidade de quem enfrenta estradas ruins, altos custos e pouca assistência do poder público.
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